O bairro de Pau da Lima, em Salvador, foi a localidade escolhida para a pesquisa / Foto: Divulgação ISC-UFBA

[:pb]As pessoas que adquiriram imunidade após infecção pelo vírus da dengue têm o risco de transmissão do zika vírus (ZIKV) reduzido. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e publicada na Science, uma das revistas acadêmicas mais prestigiadas do mundo. O estudo foi feito em colaboração com a Fiocruz Bahia e outros parceiros internacionais, como a Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores acompanharam 1.453 moradores do bairro de Pau da Lima, em Salvador, entre os meses de março e outubro de 2015. Os dados mostram que nessa localidade cerca de 73% das pessoas investigadas contraíram zika durante o período de surto da doença. Mas houve redução de contágio em até 25% entre aqueles que desenvolveram anticorpos após uma infecção anterior de dengue. Em alguns subgrupos, esse percentual chegou a 44% no índice de redução. O estudo é o primeiro a avaliar e demonstrar que a imunidade à dengue pode proteger contra uma infecção por zika em populações humanas.

O trabalho foi coordenado na Bahia pelo professor Federico Costa e teve a participação do estudante de doutorado Nivison Nery Jr, ambos do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA. Para chegar ao resultado, eles usaram um novo teste para identificar infecções por zika em grandes populações. Segundo os pesquisadores, os vírus da zika e da dengue compartilham muitas semelhanças genéticas e costumam circular nas mesmas regiões.

A pesquisa também sugere que houve imunidade na população infectada pelo próprio zika vírus, o que explica a redução de transmissão e o rápido declínio do surto na localidade.  “A pandemia de zika gerou altos índices gerais de imunidade a esse vírus nas Américas, o que será uma barreira para os surtos nos próximos anos”, destacou o professor Federico Costa. Ele também considera que o estudo conjunto dos vírus da zika e dengue pode contribuir para entender o impacto de vacinas, como a da dengue, e outras ações de saúde no combate a essas doenças.[:en]People who have acquired immunity after dengue virus infection have a reduced risk of Zika virus (ZIKV) transmission. This is what a research conducted by the Institute of Collective Health of the Federal University of Bahia (UFBA) and published in Science, one of the most prestigious academic journals in the world. The study was done in collaboration with Fiocruz Bahia and other international partners, such as the Yale University School of Public Health in the United States.

The researchers followed 1,453 residents of the Pau da Lima neighborhood in Salvador between March and October 2015. The data show that around 73% of the people surveyed in the locality contracted Zika during the outbreak period. But there was a 25% reduction in contagion among those who developed antibodies after a previous dengue infection. In some subgroups, this percentage reached 44% in the reduction index. The study is the first to evaluate and demonstrate that dengue immunity can protect against a Zika infection in human populations.

The work was coordinated in Bahia by Professor Federico Costa and was attended by PhD student Nivison Nery Jr, both from the UFBA Institute of Collective Health. To achieve the result, they used a new test to identify Zika infections in large populations. According to the researchers, Zika and dengue viruses share many genetic similarities and usually circulate in the same regions.

The research also suggests that there was immunity in the population infected by the Zika virus itself, which explains the reduction of transmission and the rapid decline of the outbreak in the locality. “The Zika pandemic has generated high overall immunity rates to this virus in the Americas, which will be a barrier to outbreaks in the coming years,” said Professor Federico Costa. He also considers that a joint study of zika and dengue viruses can help to understand the impact of vaccines, such as dengue, and other health actions to combat these diseases.[:es]Las personas que han adquirido inmunidad después de la infección por el virus del dengue tienen un riesgo reducido de transmisión del virus Zika (ZIKV). Esto es lo que una investigación realizada por el Instituto de Salud Colectiva de la Universidad Federal de Bahía (UFBA) y publicada en Science, una de las revistas académicas más prestigiosas del mundo. El estudio se realizó en colaboración con Fiocruz Bahía y otros socios internacionales, como la Escuela de Salud Pública de la Universidad de Yale en los Estados Unidos.

Los investigadores siguieron a 1,453 residentes del vecindario de Pau da Lima en Salvador entre marzo y octubre de 2015. Los datos muestran que alrededor del 73% de las personas encuestadas en la localidad contrajeron Zika durante el período del brote. Pero hubo una reducción del 25% en el contagio entre aquellos que desarrollaron anticuerpos después de una infección previa por dengue. En algunos subgrupos, este porcentaje alcanzó el 44% en el índice de reducción. El estudio es el primero en evaluar y demostrar que la inmunidad contra el dengue puede proteger contra una infección por Zika en poblaciones humanas.

El trabajo fue coordinado en Bahía por el profesor Federico Costa y contó con la asistencia del estudiante de doctorado Nivison Nery Jr, ambos del Instituto de Salud Colectiva de la UFBA. Para lograr el resultado, utilizaron una nueva prueba para identificar infecciones por Zika en grandes poblaciones. Según los investigadores, los virus del Zika y el dengue comparten muchas similitudes genéticas y generalmente circulan en las mismas regiones.

La investigación también sugiere que hubo inmunidad en la población infectada por el virus Zika, lo que explica la reducción de la transmisión y la rápida disminución del brote en la localidad. “La pandemia del Zika ha generado altas tasas de inmunidad general contra este virus en las Américas, lo que será una barrera para los brotes en los próximos años”, dijo el profesor Federico Costa. También considera que un estudio conjunto de los virus del zika y el dengue puede ayudar a comprender el impacto de las vacunas, como el dengue, y otras acciones de salud para combatir estas enfermedades.[:]