O recuo nas taxas de incidência e mortalidade pode estar relacionado à atuação direta do Programa Bolsa Família

[:pb]Em 24 de março, é comemorado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), foram registrados 4.750 casos da doença em 2018, com 295 mortes em todo o estado. Apesar do número ainda significativo, há uma queda gradual da doença nos últimos anos. Em 2006, eram 5.972 casos registrados, o que significa uma redução de mais de 20% de lá para cá. De acordo com estudos realizados pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, o recuo nas taxas de incidência e mortalidade, identificado em todo o país, pode estar relacionado à atuação direta do Programa Bolsa Família entre as famílias mais pobres.

Queda de casos novos

A primeira pesquisa aponta para uma diminuição de 15,8% na incidência de tuberculose entre os anos de 2004 e 2012. Para esse resultado, foram analisados 2.458 municípios, responsáveis por mais de 93% dos casos de tuberculose diagnosticados no Brasil. Assim, o estudo levou em consideração os nove anos inicias do Programa Bolsa Família, introduzido no país em 2004.

Joilda Nery liderou pesquisa sobre incidência da tuberculose

“Nossos resultados sugerem que o Programa Bolsa Família, embora não tenha sido desenvolvido para o controle da tuberculose, pode ter contribuído, pelo menos em parte, para essa redução”, explica Joilda Nery, professora do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA  que liderou o estudo.

Ainda segundo a pesquisadora, o programa se concentra nas famílias pobres, que consequentemente estão em alto risco de tuberculose. Para ela, há importantes evidências que sugerem que o programa reduziu a pobreza extrema e aliviou as desigualdades sociais e econômicas, melhorando o estado nutricional e outros benefícios para a saúde entre os indivíduos mais carentes.

“O Bolsa Família mostra-se uma política pública inclusiva que tem impacto positivo, particularmente no que diz respeito às doenças relacionadas com a pobreza. Pesquisas futuras devem avaliar a eficácia dessas intervenções e como elas podem contribuir para o controle da tuberculose em todo o mundo.”, observa a professora.

Queda da mortalidade

Ramon Andrade de Souza liderou pesquisa sobre mortalidade

O segundo estudo do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, publicado em 2018, avaliou os coeficientes de mortalidade por tuberculose no Brasil entre os anos de 2001 e 2012. A pesquisa abrange o efeito conjunto da Estratégia de Saúde da Família, iniciada em 1994,  e o Programa Bolsa Família, implantado em 2004.

De acordo com os dados coletados em 1.614 municípios, a cobertura do programa de atenção primária à saúde contribuiu para a redução da mortalidade por tuberculose entre 16 e 20%, enquanto as maiores coberturas do Programa Bolsa Família contribuíram para a redução da mortalidade em 12%.

Em todo o período avaliado, o número de mortes pela doença recuou em 30% no país. Um total de 5.249 mortes resultantes de todas as formas de tuberculose foi registrado em 2001, caindo para 4.316 em 2012.

Para o pesquisador responsável pelo estudo, Ramon Andrade de Souza, a atuação do Programa Bolsa Família está associada a fatores socioeconômicos, como habitação, alimentação, educação e acesso a serviços de saúde, resultando em melhorias nas condições sociais. “A transferência direta de renda pode contribuir também para melhor adesão ao tratamento, aumento das taxas de cura e, consequentemente, uma redução no número de mortes.”, explica o pesquisador.

Susan Martins Pereira coordenou os estudos sobre tuberculose

Para ele, o estudo aponta para a necessidade de reforçar o investimento na implementação universal de políticas de saúde. “Outros estudos precisam ser realizados para aumentar o conhecimento sobre os mecanismos envolvidos na mortalidade por tuberculose e para estabelecer novas associações.”, conclui.

Ambos os trabalhos foram desenvolvidos através do Programa Integrado em Epidemiologia e Avaliação de Impactos na Saúde das Populações do ISC/UFBA, na linha de pesquisa em Epidemiologia da Tuberculose. Os estudos, constituídos em tese de doutorado e dissertação de mestrado, respectivamente, foram financiados pelo Ministério da Saúde, sob coordenação da professora Susan Martins Pereira.

 [:en]On March 24, World Tuberculosis Day is celebrated. According to data from the Bahia State Department of Health (Sesab), 4,750 cases of the disease were recorded in 2018, with 295 deaths throughout the state. Despite the still significant number, there is a gradual fall of the disease in recent years. In 2006, there were 5,972 registered cases, which means a reduction of more than 20% since then. According to studies conducted by the UFBA Institute of Collective Health, the decrease in incidence and mortality rates, identified throughout the country, may be related to the direct performance of the Bolsa Família Program among the poorest families.

New Case Drop

The first survey points to a 15.8% decrease in the incidence of tuberculosis between 2004 and 2012. For this result, 2,458 municipalities were analyzed, responsible for more than 93% of tuberculosis cases diagnosed in Brazil. Thus, the study took into consideration the initial nine years of the Bolsa Família Program, introduced in the country in 2004.

Joilda Nery led research on tuberculosis incidence

“Our results suggest that the Bolsa Familia Program, although not designed to control tuberculosis, may have contributed at least in part to this reduction,” explains Joilda Nery, a professor at UFBA’s Collective Health Institute who led the program. study.

Also according to the researcher, the program focuses on poor families, which consequently are at high risk of tuberculosis. For her, there is significant evidence to suggest that the program has reduced extreme poverty and alleviated social and economic inequalities, improving nutritional status and other health benefits among the most deprived individuals.

“Bolsa Família is an inclusive public policy that has a positive impact, particularly with regard to poverty-related diseases. Future research should evaluate the effectiveness of these interventions and how they can contribute to tuberculosis control worldwide. ”

Fall in mortality

Ramon Andrade de Souza led mortality research

The second study by the UFBA Institute of Collective Health, published in 2018, evaluated the mortality rates for tuberculosis in Brazil between 2001 and 2012. The research covers the joint effect of the Family Health Strategy, which began in 1994, and the Bolsa Família Program, implemented in 2004.

According to data collected in 1,614 municipalities, primary health care coverage contributed to a reduction in tuberculosis mortality by 16 to 20%, while higher Bolsa Familia coverage contributed to a 12% reduction in mortality. .

Throughout the period evaluated, the number of deaths from the disease fell by 30% in the country. A total of 5,249 deaths from all forms of tuberculosis were recorded in 2001, falling to 4,316 in 2012.

For the researcher responsible for the study, Ramon Andrade de Souza, the performance of the Bolsa Família Program is associated with socioeconomic factors such as housing, food, education and access to health services, resulting in improvements in social conditions. “Direct income transfer can also contribute to better adherence to treatment, increased cure rates and, consequently, a reduction in the number of deaths.”, Explains the researcher.

Susan Martins Pereira coordinated tuberculosis studies

For him, the study points to the need to strengthen investment in the universal implementation of health policies. “Other studies need to be conducted to increase knowledge about the mechanisms involved in tuberculosis mortality and to establish new associations.”

Both works were developed through the Integrated Program in Epidemiology and Population Health Impact Assessment of ISC / UFBA, in the research line in Tuberculosis Epidemiology. The studies, consisting of doctoral thesis and master’s thesis, respectively, were funded by the Ministry of Health, under the coordination of Professor Susan Martins Pereira.[:es]El 24 de marzo se celebra el Día Mundial de la Tuberculosis. Según datos del Departamento de Salud del Estado de Bahía (Sesab), se registraron 4,750 casos de la enfermedad en 2018, con 295 muertes en todo el estado. A pesar del número aún significativo, hay una caída gradual de la enfermedad en los últimos años. En 2006, hubo 5.972 casos registrados, lo que significa una reducción de más del 20% desde entonces. Según los estudios realizados por el Instituto de Salud Colectiva de la UFBA, la disminución de las tasas de incidencia y mortalidad, identificada en todo el país, puede estar relacionada con el desempeño directo del Programa Bolsa Família entre las familias más pobres.

Nueva caída de caso

La primera encuesta apunta a una disminución del 15,8% en la incidencia de tuberculosis entre 2004 y 2012. Para este resultado, se analizaron 2.458 municipios, responsables de más del 93% de los casos de tuberculosis diagnosticados en Brasil. Por lo tanto, el estudio tomó en consideración los primeros nueve años del Programa Bolsa Familia, introducido en el país en 2004.

Joilda Nery dirigió la investigación sobre la incidencia de tuberculosis

“Nuestros resultados sugieren que el Programa Bolsa Familia, aunque no está diseñado para controlar la tuberculosis, puede haber contribuido al menos en parte a esta reducción”, explica Joilda Nery, profesora del Instituto de Salud Colectiva de la UFBA que dirigió el programa. estudio

También según el investigador, el programa se centra en las familias pobres, que en consecuencia corren un alto riesgo de tuberculosis. Para ella, hay evidencia significativa que sugiere que el programa ha reducido la pobreza extrema y ha aliviado las desigualdades sociales y económicas, mejorando el estado nutricional y otros beneficios para la salud entre las personas más necesitadas.

“Bolsa Família es una política pública inclusiva que tiene un impacto positivo, particularmente con respecto a las enfermedades relacionadas con la pobreza. La investigación futura debería evaluar la efectividad de estas intervenciones y cómo pueden contribuir al control de la tuberculosis en todo el mundo “.

Caída de la mortalidad

Ramon Andrade de Souza dirigió la investigación de mortalidad

El segundo estudio del Instituto de Salud Colectiva de la UFBA, publicado en 2018, evaluó las tasas de mortalidad por tuberculosis en Brasil entre 2001 y 2012. La investigación cubre el efecto conjunto de la Estrategia de Salud Familiar, que comenzó en 1994, y Programa Bolsa Família, implementado en 2004.

Según los datos recopilados en 1.614 municipios, la cobertura de atención primaria de salud contribuyó a una reducción de la mortalidad por tuberculosis en un 16 a 20%, mientras que una mayor cobertura de Bolsa Familia contribuyó a una reducción del 12% en la mortalidad. .

A lo largo del período evaluado, el número de muertes por la enfermedad disminuyó en un 30% en el país. Un total de 5,249 muertes por todas las formas de tuberculosis se registraron en 2001, cayendo a 4,316 en 2012.

Para el investigador responsable del estudio, Ramón Andrade de Souza, el desempeño del Programa Bolsa Familia está asociado con factores socioeconómicos como la vivienda, la alimentación, la educación y el acceso a los servicios de salud, lo que resulta en mejoras en las condiciones sociales. “La transferencia directa de ingresos también puede contribuir a una mejor adherencia al tratamiento, mayores tasas de curación y, en consecuencia, una reducción en el número de muertes”, explica el investigador.

Susan Martins Pereira coordinó estudios de tuberculosis

Para él, el estudio señala la necesidad de fortalecer la inversión en la implementación universal de las políticas de salud. “Es necesario realizar otros estudios para aumentar el conocimiento sobre los mecanismos involucrados en la mortalidad por tuberculosis y establecer nuevas asociaciones”.

Ambos trabajos se desarrollaron a través del Programa Integrado ISC / UFBA sobre Epidemiología y Evaluación de Impacto en la Salud de la Población, en la línea de investigación en Epidemiología de Tuberculosis. Los estudios, que consisten en tesis doctorales y tesis de maestría, respectivamente, fueron financiados por el Ministerio de Salud, bajo la coordinación de la profesora Susan Martins Pereira.[:]