Projeto do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA oferece orientações e kits de higiene para pessoas em situação de rua / Foto: divulgação

[:pb]Os efeitos do novo coronavírus e as ações voltadas ao combate da pandemia de covid-19 pautaram importantes debates no Congresso Virtual UFBA 2020. Uma das questões mais recorrentes das discussões foi o aprofundamento das vulnerabilidades sociais em diferentes contextos, desde o acesso desigual aos serviços de saúde entre os municípios até medidas que acentuam a discriminação em determinadas camadas da população brasileira.

Já na abertura, a pandemia foi o tema da sessão “O Brasil no século XXI: conhecimento e políticas públicas no enfrentamento da Covid-19”, que teve a participação da presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, e dos professores Eduardo Mota e Glória Teixeira, do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA).

A mesa destacou os diferentes impactos causados pela pandemia nos municípios, em especial aqueles localizados na região Norte do Brasil, e o reflexo das vulnerabilidades sociais para a saúde da população. “Há municípios em que as pessoas precisam percorrer, em média, 240 quilômetros para chegar ao hospital e ter acesso a um leito de UTI”, observou Nísia Trindade.

Segundo a presidente da Fiocruz, é preciso que haja maior integração entre o sistema de vigilância e a atenção básica em saúde, com uma atuação mais efetiva dos agentes comunitários de saúde nesse processo. Ela também chamou atenção para as ações adotadas pelos estados brasileiros, a exemplo das restrições às aglomerações, e para a importância do isolamento social para conter o avanço da pandemia. “O conhecimento científico nos mostra que, na ausência de vacina e de medicamentos comprovadamente eficazes, são essas medidas que têm demonstrado o melhor resultado”.

Em debate com Trindade, o epidemiologista professor do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da UFBA Eduardo Mota apontou a necessidade de mais investimentos nas áreas de saúde e educação. Ele criticou o processo de desfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e das instituições públicas de ensino nos últimos anos. “As nossas instituições de ensino e pesquisa são as responsáveis pela produção do conhecimento e inovação neste país, algo que se mostra absolutamente essencial em um momento como este”, observou.

Para a também epidemiologista e pesquisadora do ISC Glória Teixeira, além do fortalecimento do SUS, a pandemia também abre uma oportunidade para se discutir sistemas universais em todos os países do mundo. “A pandemia está trazendo à tona o problema da desigualdade, e eu espero que a sociedade brasileira e a humanidade vejam esses exemplos para a construção de um mundo menos desigual e mais a favor da população”.

Trabalhadores de saúde

No Brasil, cerca de 3,5 milhões de trabalhadores de saúde atuam na prestação de serviços, desde a atenção primária até os serviços especializados e hospitalares da rede pública e privada. Durante a pandemia, o papel desses profissionais ganhou destaque, não apenas pela importância, mas também pela vulnerabilidade à qual estão expostos.

O assunto foi o tema da mesa “Trabalhadores de saúde no contexto de pandemia”, apresentada por pesquisadores da Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade, uma iniciativa conjunta da UFBA e do Cidacs/Fiocruz, com foco na Covid-19. “Enquanto a maioria da população está em isolamento social, esses trabalhadores estão na linha de frente com riscos”, destacou Isabela Cardoso, diretora do ISC e membro da rede.

A sessão alertou para um cenário de desigualdades até mesmo entre os trabalhadores da saúde, principalmente para profissionais da enfermagem, por causa da divisão técnica e social do trabalho. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), 85,1% desses trabalhadores são mulheres; destas, 53% são negras. E são elas as mais expostas aos riscos de contaminação.

“Essas profissionais estão submetidas a extensas jornadas de trabalho e a um maior cansaço físico e mental, o que pode propiciar erros, inclusive, no cuidado de lavagem das mãos e no uso adequado de EPI”, observou Ednir Assis Souza, professora da Escola de Enfermagem da UFBA.

A mesa também contou com a participação da professora Catharina Matos e do pesquisador Erick Lisboa, ambos do ISC, que apresentaram ações e propostas para os trabalhadores de saúde no enfrentamento da pandemia.

População indígena

O avanço da Covid-19 também tem evidenciado a situação de vulnerabilidade dos indígenas no Brasil. Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), divulgado no sábado (23), são 760 casos confirmados e 35 mortes no país até a última atualização. As condições de vida dessas populações foram debatidas na mesa “Covid-19 e os povos indígenas: impasses jurídicos, ataques institucionais e formas de enfrentamento coletivo”, apresentada por lideranças dos povos Tuxá (Rodelas – BA), Xucuru-Kariri (Palmeira dos Índios – AL), Tapeba (Caucaia – CE) e Pankararu (Tacaratu, Petrolândia e Jatobá – PE).

Durante a sessão, eles criticaram a atuação do governo federal e as medidas administrativas adotadas pelo Ministério da Saúde. “O modelo trazido para contenção da pandemia em nossos territórios é o mesmo dos centros urbanos. São ações que ferem direitos e princípios básicos dos povos indígenas”, observou Maynamy José Santana, representante dos Xucuru-Kariri. A discussão também abordou questões como as dificuldades para gerenciamento do auxílio emergencial e o aumento desenfreado nos preços dos alimentos nas cidades próximas às aldeias.

Para o advogado e ativista Weibe Tapeba, a vulnerabilidade dos povos que não têm terras demarcadas é ainda mais acentuada devido à proximidade com os municípios e, portanto, ao maior contato com grupos sociais externos. “Os povos indígenas que já apresentaram casos de notificação e mortes estão, justamente, em comunidades com maior fragilidade em relação à gestão do território”, enfatizou.

O coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá, também pediu mais celeridade na aprovação do Projeto de Lei 1142/20, que contém medidas emergenciais para atender a povos indígenas e quilombolas durante a pandemia, assim como a retirada do artigo que autoriza a permanência de missionários em territórios de índios isolados. “Queremos que sejam excluídas as alterações apresentadas pela bancada governista e defendemos a volta do projeto no modelo que foi construído de forma democrática”.

Outras discussões sobre a temática indígena também foram destaque nas mesas “Povos indígenas e desafios frente à covid-19”, “Epidemiologia, cultura e saúde das populações negra e indígena” e “Covid-19 e saúde dos povos indígenas: as emergências na saúde indígena em comunidades na Bahia”.

Quilombolas

Segundo a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ, o Brasil tem cerca de 6 mil comunidades remanescentes de quilombos, o que representa um contingente de 16 milhões de pessoas. A vulnerabilidade social e epidemiológica dessas populações no enfrentamento da pandemia foi o tema de discussão da mesa “Vulnerabilidades: populações quilombolas do Norte e Nordeste do Brasil diante da pandemia de covid-19”, apresentada pelos professores Hilton Silva (UFPA), Edna Araújo (Uefs) e Leny Trad (ISC/UFBA), com mediação do pesquisador Alder Mourão (UFPA).

Os pesquisadores destacaram o contexto de extrema pobreza das comunidades, como altos índices de desemprego, ausência de condições mínimas de saneamento e, principalmente, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Segundo a professora Edna Araújo, são velhos problemas que se agravam em um cenário de crise sanitária. “Essa pandemia se refere a uma doença que é altamente grave, que necessita de UTI, e as cidades que ficam mais próximas dessas comunidades quilombolas geralmente tem uma estrutura de atendimento muito limitada”, avaliou.

O professor Hilton Silva também alertou para o número de casos de Covid-19 em quilombos no Pará e a falta de acompanhamento necessário. “Já temos contabilizados 12 mortes em áreas quilombolas no estado e mais de 160 suspeitas que não têm assistência médica até o momento”. Ele também criticou a falta de ações específicas para contenção e controle da pandemia entre as populações quilombolas em todo o país.

Para a professora Leny Trad, a situação requer políticas públicas que reconheçam as comunidades remanescentes de quilombos e que estejam dispostas a ouvir as demandas diretas dessas populações. “A gente precisa pensar formas para enfrentamento da vulnerabilidade tanto no contexto desta pandemia como para além dela, numa perspectiva que não seja autoritária, de que nós levaremos as respostas e as soluções”.

A temática quilombola também esteve presentes nas mesas “O SUS, o trabalho dos assistentes sociais na saúde e as comunidades quilombolas no contexto da pandemia/covid-19” e “Pesquisa interinstitucional em foco: comunidades quilombolas em risco”.

População de rua

“Os estigmas são muito violentos e a indiferença é o que mais nos faz sofrer”. O desabafo é de Renata Santos, coordenadora estadual do Movimento de População em Situação de Rua, e uma das convidadas da mesa “Não somos invisíveis: direito à saúde da população em situação de rua antes, durante e pós covid-19”.

A sessão discutiu experiências de coletivos sociais, a atuação da universidade e a busca por políticas públicas mais inclusivas, com a participação dos professores Joilda Nery (ISC/UFBA), Cleber Cremonese (ISC/UFBA), do nutricionista Osiyalle Rodrigues e de Tricia Calmon, coordenadora do programa “Corra para o Abraço”, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia (SJDHDS).

Uma pesquisa do Projeto Axé, feita em parceria com a UFBA e outras instituições, aponta que o número de pessoas em situação de rua pode chegar a 17 mil em Salvador. E é nesse cenário de marginalização e pandemia que foi criado o “Nós nas Ruas”, projeto que já distribuiu mais de 2.500 kits de higiene e alimentos para pessoas em situação de rua. A ação é desenvolvida na cidade por professores e estudantes do ISC/UFBA, com o apoio do Movimento de População em Situação de Rua, programa “Corra para o Abraço” e a Universidade Estadual da Bahia (Uneb).

Além das doações, são realizadas orientações e atividades de treinamento de saúde voltadas para profissionais que atuam no atendimento dessa população. “Enquanto o poder público não chega, nós buscamos dar condições mínimas para que essas pessoas consigam se prevenir contra a Covid-19 em um contexto completamente adverso, que é o cenário das ruas”, destacou a professora Joilda Nery, idealizadora da campanha.

Juventude negra

Dar voz a jovens negros e compartilhar experiências sobre ações desenvolvidas nas próprias comunidades durante a pandemia. Esse foi o objetivo da mesa gravada “Juventude negra e covid-19: propostas de ações diretas no combate aos efeitos socio-raciais da crise”. A sessão foi apresentada por membros do Prosseguir, programa de ações afirmativas coordenado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) em parceria com a UFBA.

“Como vamos falar de distanciamento social em casas de dois ou três cômodos em que moram até oito pessoas? Elas moram em conglomerados, dividindo os mesmos banheiros, sem água para lavar as mãos e sem dinheiro para se alimentar”, afirmou Thayana Victória Silva, estudante de Medicina da Uneb, durante a discussão.

Entre as iniciativas mostradas pelo grupo, está a campanha liderada por Tasciano Santos Solari, estudante de Geografia do Instituto Federal da Bahia (IFBA), que distribui alimentos e kits de higiene para moradores da região de Massaranduba, em Salvador. “A pandemia ajudou a escancarar o que o poder público nunca fez pela sociedade em relação à saúde pública, à educação e à alimentação”, avalia. A ação incluiu ainda a entrega de máscaras de tecido confeccionadas por membros da própria comunidade.

Para Ariana Silva (UFBA), mestra em Estudos Interdisciplinares Sobre a Mulher (Neim/UFBA), as iniciativas partem do entendimento de como as desigualdades sociais são aprofundadas pelo racismo e o impacto que isso traz à vida de pessoas negras e pobres, principalmente em períodos de crise, como a atual pandemia. “São ações que ajudam no básico, mas sem o básico a gente não consegue dar um passo maior”.

Outras discussões sobre a temática da população negra ganharam espaço em diversas atividades do Congresso UFBA 2020, a exemplo das mesas “Bairros negros, racismo e pandemia do covid-19”, “Mulheres negras, racismo e saúde” e “A letalidade do racismo: povo negro e a pandemia do covid-19”.[:en]The effects of the new coronavirus and actions aimed at combating the covid-19 pandemic led important debates at the UFBA 2020 Virtual Congress. One of the most recurring issues in the discussions was the deepening of social vulnerabilities in different contexts, from unequal access to health services. health among municipalities to measures that accentuate discrimination in certain layers of the Brazilian population.

At the opening, the pandemic was the theme of the session “ Brazil in the 21st century: knowledge and public policies to face Covid-19 ”, which was attended by the president of the Oswaldo Cruz Foundation (Fiocruz), Nísia Trindade, and teachers Eduardo Mota and Glória Teixeira, from the Collective Health Institute (ISC / UFBA).

The panel highlighted the different impacts caused by the pandemic in the municipalities, especially those located in the northern region of Brazil, and the reflection of social vulnerabilities for the population’s health. “There are municipalities in which people need to travel, on average, 240 kilometers to reach the hospital and have access to an ICU bed,” noted Nísia Trindade.

According to the president of Fiocruz, there is a need for greater integration between the surveillance system and primary health care, with more effective action by community health agents in this process. She also drew attention to the actions taken by the Brazilian states, such as restrictions on agglomerations, and the importance of social isolation to contain the advance of the pandemic. “Scientific knowledge shows us that, in the absence of vaccines and proven effective drugs, these are the measures that have shown the best result”.

In a debate with Trindade, the professor epidemiologist at the Collective Health Institute (ISC) at UFBA Eduardo Mota pointed out the need for more investments in the areas of health and education. He criticized the process of de-financing the Unified Health System (SUS) and public educational institutions in recent years. “Our teaching and research institutions are responsible for producing knowledge and innovation in this country, something that is absolutely essential at a time like this”, he observed.

For ISC epidemiologist and researcher Glória Teixeira, in addition to strengthening the SUS, the pandemic also opens up an opportunity to discuss universal systems in all countries of the world. “The pandemic is bringing up the problem of inequality, and I hope that Brazilian society and humanity will see these examples for the construction of a world that is less unequal and more in favor of the population”.

Health workers

In Brazil, about 3.5 million health workers work in the provision of services, from primary care to specialized and hospital services in the public and private network. During the pandemic, the role of these professionals gained prominence, not only for the importance, but also for the vulnerability to which they are exposed.

The subject was the theme of the table “ Health workers in the context of a pandemic ”, presented by researchers from the CoVida – Science, Information and Solidarity Network, a joint initiative of UFBA and Cidacs / Fiocruz, with a focus on Covid-19. “While the majority of the population is in social isolation, these workers are at the front line with risks,” said Isabela Cardoso, director of ISC and a member of the network.

The session warned of a scenario of inequality even among health workers, mainly for nursing professionals, because of the technical and social division of labor. According to the Federal Nursing Council (Cofen), 85.1% of these workers are women; of these, 53% are black. And they are the most exposed to the risks of contamination.

“These professionals are subjected to long working hours and greater physical and mental fatigue, which can lead to errors, including hand washing and proper use of PPE,” observed Ednir Assis Souza, professor at the School of Nursing at UFBA.

The panel also counted on the participation of professor Catharina Matos and researcher Erick Lisboa, both from ISC, who presented actions and proposals for health workers to face the pandemic.

Indigenous population

The advance of Covid-19 has also highlighted the vulnerability of indigenous people in Brazil. According to the epidemiological bulletin of the Special Secretariat for Indigenous Health (Sesai), released on Saturday (23), there are 760 confirmed cases and 35 deaths in the country until the last update. The living conditions of these populations were discussed at the table “ Covid-19 and indigenous peoples: legal impasses, institutional attacks and forms of collective confrontation ”, presented by leaders of the Tuxá peoples (Rodelas – BA), Xucuru-Kariri (Palmeira dos Índios – AL), Tapeba (Caucaia – CE) and Pankararu (Tacaratu, Petrolândia and Jatobá – PE).

During the session, they criticized the actions of the federal government and the administrative measures adopted by the Ministry of Health. “The model brought to contain the pandemic in our territories is the same as in urban centers. These are actions that violate the rights and basic principles of indigenous peoples ”, observed Maynamy José Santana, representative of the Xucuru-Kariri. The discussion also addressed issues such as difficulties in managing emergency aid and the rampant increase in food prices in cities close to the villages.

For the lawyer and activist Weibe Tapeba, the vulnerability of the people who do not have demarcated land is even more accentuated due to the proximity to the municipalities and, therefore, to the greater contact with external social groups. “The indigenous peoples who have already presented cases of notification and deaths are, precisely, in communities with greater fragility in relation to the management of the territory”, he emphasized.

The executive coordinator of the Articulation of Indigenous Peoples of Brazil (Apib), Dinamam Tuxá, also called for more speed in approving Bill 1142/20, which contains emergency measures to assist indigenous and quilombola peoples during the pandemic, as well as withdrawal of the article authorizing missionaries to remain in isolated Indian territories. “We want the changes presented by the government to be excluded and we defend the return of the project to the model that was built in a democratic way”.

Other discussions on the indigenous theme were also highlighted at the tables “ Indigenous peoples and challenges facing the covid-19 ”, “ Epidemiology, culture and health of the black and indigenous populations ” and “ Covid-19 and health of the indigenous peoples: emergencies in health indigenous communities in Bahia ”.

Quilombolas

According to the National Coordination of Articulation of Black Rural Quilombola Communities (CONAQ, Brazil has about 6 thousand remaining quilombo communities, which represents a contingent of 16 million people. The social and epidemiological vulnerability of these populations in facing the pandemic was the discussion topic of the table ” Vulnerabilities: quilombola populations in the North and Northeast of Brazil in the face of the covid-19 pandemic “, presented by professors Hilton Silva (UFPA), Edna Araújo (Uefs) and Leny Trad (ISC / UFBA), with mediation researcher Alder Mourão (UFPA).

The researchers highlighted the context of extreme poverty in the communities, such as high rates of unemployment, absence of minimum sanitation conditions and, mainly, the difficulty of accessing health services. According to Professor Edna Araújo, these are old problems that are aggravated in a scenario of health crisis. “This pandemic refers to a disease that is highly serious, requiring ICU, and the cities that are closest to these quilombola communities generally have a very limited service structure,” he evaluated.

Professor Hilton Silva also warned of the number of Covid-19 cases in quilombos in Pará and the lack of necessary follow-up. “We have already counted 12 deaths in quilombola areas in the state and more than 160 suspicions that do not have medical assistance to date”. He also criticized the lack of specific actions to contain and control the pandemic among quilombola populations across the country.

For Professor Leny Trad, the situation requires public policies that recognize the remaining quilombo communities and are willing to listen to the direct demands of these populations. “We need to think about ways to face vulnerability both in the context of this pandemic and beyond, in a perspective that is not authoritarian, that we will take the answers and solutions”.

The quilombola theme was also present at the tables “SUS, the work of social workers in health and quilombola communities in the context of the pandemic / covid-19” and “Interinstitutional research in focus: quilombola communities at risk”.

Street population

“Stigmas are very violent and indifference is what makes us suffer the most”. The outburst is by Renata Santos, state coordinator of the Movement of Population in Street Situation, and one of the guests at the table “ We are not invisible: the right to health of the homeless population before, during and after covid-19 ”.

The session discussed experiences of social collectives, the performance of the university and the search for more inclusive public policies, with the participation of professors Joilda Nery (ISC / UFBA), Cleber Cremonese (ISC / UFBA), nutritionist Osiyalle Rodrigues and Tricia Calmon , coordinator of the “Corra para o Abraço” program, of the Secretariat of Justice, Human Rights and Social Development of the State of Bahia (SJDHDS).

A survey by the Axé Project, carried out in partnership with UFBA and other institutions, points out that the number of people on the street can reach 17 thousand in Salvador. And it is in this scenario of marginalization and pandemic that “Nós nas Ruas” was created, a project that has already distributed more than 2,500 hygiene and food kits to people on the streets. The action is developed in the city by teachers and students from ISC / UFBA, with the support of the Movement of Population in Street Situation, the program “Run to the Hug” and the State University of Bahia (Uneb).

In addition to donations, guidelines and health training activities are carried out for professionals working in the care of this population. “While the government does not arrive, we seek to provide minimum conditions for these people to be able to prevent themselves against Covid-19 in a completely adverse context, which is the street scene”, highlighted Professor Joilda Nery, creator of the campaign.

Black youth

Give a voice to young blacks and share experiences about actions developed in their own communities during the pandemic. This was the purpose of the recorded table “ Black youth and covid-19: proposals for direct actions to combat the socio-racial effects of the crisis ”. The session was presented by members of Prosseguir, an affirmative action program coordinated by the Center for the Study of Labor Relations and Inequalities (CEERT) in partnership with UFBA.

“How are we going to talk about social distance in two- or three-room houses where up to eight people live? They live in conglomerates, sharing the same bathrooms, without water to wash their hands and without money to feed themselves, ”said Thayana Victória Silva, a medical student at Uneb, during the discussion.

Among the initiatives shown by the group, is the campaign led by Tasciano Santos Solari, a Geography student at the Federal Institute of Bahia (IFBA), who distributes food and hygiene kits to residents of the Massaranduba region, in Salvador. “The pandemic helped to open up what the government has never done for society in relation to public health, education and food,” he says. The action also included the delivery of fabric masks made by members of the community itself.

For Ariana Silva (UFBA), master in Interdisciplinary Studies on Women (Neim / UFBA), the initiatives start from the understanding of how social inequalities are deepened by racism and the impact that this brings on the lives of black and poor people, especially in crisis periods, such as the current pandemic. “These are actions that help in the basics, but without the basics, we cannot take a bigger step”.

Other discussions on the theme of the black population gained space in various activities of the UFBA 2020 Congress, such as the tables “ Black neighborhoods, racism and pandemic of the covid-19 ”, “ Black women, racism and health ” and “ The lethality of racism: black people and the covid-19 pandemic ”.

 [:es]Los efectos del nuevo coronavirus y las acciones dirigidas a combatir la pandemia de covid-19 llevaron a importantes debates en el Congreso Virtual UFBA 2020. Uno de los temas más recurrentes en las discusiones fue la profundización de las vulnerabilidades sociales en diferentes contextos, desde el acceso desigual a los servicios de salud. salud entre los municipios a las medidas que acentúan la discriminación en ciertas capas de la población brasileña.

En la apertura, la pandemia fue el tema de la sesión ” Brasil en el siglo XXI: conocimiento y políticas públicas para enfrentar a Covid-19 “, a la que asistieron el presidente de la Fundación Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade y maestros Eduardo Mota y Glória Teixeira, del Instituto de Salud Colectiva (ISC / UFBA).

El panel destacó los diferentes impactos causados ​​por la pandemia en los municipios, especialmente los ubicados en la región norte de Brasil, y el reflejo de las vulnerabilidades sociales para la salud de la población. “Hay municipios donde las personas necesitan viajar, en promedio, 240 kilómetros para llegar al hospital y tener acceso a una cama en la UCI”, señaló Nísia Trindade.

Según el presidente de Fiocruz, existe la necesidad de una mayor integración entre el sistema de vigilancia y la atención primaria de salud, con una acción más efectiva por parte de los agentes de salud de la comunidad en este proceso. También llamó la atención sobre las acciones tomadas por los estados brasileños, como las restricciones a las aglomeraciones y la importancia del aislamiento social para contener el avance de la pandemia. “El conocimiento científico nos muestra que, en ausencia de vacunas y medicamentos probados efectivos, estas son las medidas que han mostrado el mejor resultado”.

En un debate con Trindade, el profesor epidemiólogo del Instituto de Salud Colectiva (ISC) de la UFBA Eduardo Mota señaló la necesidad de más inversiones en las áreas de salud y educación. Criticó el proceso de desfinanciación del Sistema Único de Salud (SUS) y las instituciones educativas públicas en los últimos años. “Nuestras instituciones de enseñanza e investigación son responsables de producir conocimiento e innovación en este país, algo que es absolutamente esencial en un momento como este”, observó.

Para la epidemióloga e investigadora del ISC Glória Teixeira, además de fortalecer el SUS, la pandemia también abre una oportunidad para discutir sistemas universales en todos los países del mundo. “La pandemia está planteando el problema de la desigualdad, y espero que la sociedad y la humanidad brasileñas vean estos ejemplos para la construcción de un mundo que sea menos desigual y más a favor de la población”.

Trabajadores de la salud

En Brasil, alrededor de 3,5 millones de trabajadores de la salud trabajan en la prestación de servicios, desde atención primaria hasta servicios especializados y hospitalarios en la red pública y privada. Durante la pandemia, el papel de estos profesionales ganó importancia, no solo por la importancia, sino también por la vulnerabilidad a la que están expuestos.

El tema fue el tema de la tabla ” Trabajadores de la salud en el contexto de una pandemia “, presentada por investigadores de la Red CoVida – Ciencia, Información y Solidaridad, una iniciativa conjunta de UFBA y Cidacs / Fiocruz, centrada en Covid-19. “Si bien la mayoría de la población se encuentra en aislamiento social, estos trabajadores están en primera línea con riesgos”, dijo Isabela Cardoso, directora de ISC y miembro de la red.

La sesión advirtió sobre un escenario de desigualdad incluso entre los trabajadores de la salud, principalmente para los profesionales de enfermería, debido a la división técnica y social del trabajo. Según el Consejo Federal de Enfermería (Cofen), el 85,1% de estos trabajadores son mujeres; De estos, el 53% son negros. Y son los más expuestos a los riesgos de contaminación.

“Estos profesionales están sujetos a largas horas de trabajo y mayor fatiga física y mental, lo que puede conducir a errores, incluido el lavado de manos y el uso adecuado del EPP”, observó Ednir Assis Souza, profesor de la Escuela de Enfermería en UFBA.

El panel también contó con la participación de la profesora Catharina Matos y el investigador Erick Lisboa, ambos del ISC, quienes presentaron acciones y propuestas para que los trabajadores de la salud enfrenten la pandemia.

Población indígena

El avance de Covid-19 también ha resaltado la vulnerabilidad de los pueblos indígenas en Brasil. Según el boletín epidemiológico de la Secretaría Especial de Salud Indígena (Sesai), publicado el sábado (23), hay 760 casos confirmados y 35 muertes en el país hasta la última actualización. Las condiciones de vida de estas poblaciones se discutieron en la mesa ” Covid-19 y pueblos indígenas: impases legales, ataques institucionales y formas de confrontación colectiva “, presentada por líderes de los pueblos Tuxá (Rodelas – BA), Xucuru-Kariri (Palmeira dos Índios – AL), Tapeba (Caucaia – CE) y Pankararu (Tacaratu, Petrolândia y Jatobá – PE).

Durante la sesión, criticaron las acciones del gobierno federal y las medidas administrativas adoptadas por el Ministerio de Salud. “El modelo que se trajo para contener la pandemia en nuestros territorios es el mismo que en los centros urbanos. Estas son acciones que violan los derechos y principios básicos de los pueblos indígenas ”, observó Maynamy José Santana, representante de Xucuru-Kariri. La discusión también abordó cuestiones como las dificultades para gestionar la ayuda de emergencia y el aumento desenfrenado de los precios de los alimentos en ciudades cercanas a las aldeas.

Para el abogado y activista Weibe Tapeba, la vulnerabilidad de las personas que no tienen tierras demarcadas se acentúa aún más debido a la proximidad a los municipios y, por lo tanto, al mayor contacto con grupos sociales externos. “Los pueblos indígenas que ya han presentado casos de notificación y muerte se encuentran, precisamente, en comunidades con mayor fragilidad en relación con la gestión del territorio”, enfatizó.

El coordinador ejecutivo de la Articulación de los Pueblos Indígenas de Brasil (Apib), Dinamam Tuxá, también pidió más velocidad para aprobar el Proyecto de Ley 1142/20, que contiene medidas de emergencia para ayudar a los pueblos indígenas y quilombolas durante la pandemia, así como retirada del artículo que autoriza a los misioneros a permanecer en territorios indios aislados. “Queremos que se excluyan los cambios presentados por el gobierno y defendemos el retorno del proyecto al modelo que se construyó de manera democrática”.

Otros debates sobre el tema indígena también se destacaron en las tablas “ Pueblos indígenas y desafíos que enfrentan los covid-19 ”, “ Epidemiología, cultura y salud de las poblaciones negras e indígenas ” y “ Covid-19 y la salud de los pueblos indígenas: emergencias en salud comunidades indígenas en Bahía “.

Quilombolas

Según la Coordinación Nacional de Articulación de Comunidades Quilombolas Rurales Negras (CONAQ, Brasil tiene alrededor de 6 mil comunidades quilombo restantes, lo que representa un contingente de 16 millones de personas. La vulnerabilidad social y epidemiológica de estas poblaciones frente a la pandemia fue la tema de discusión de la tabla ” Vulnerabilidades: poblaciones de quilombolas en el norte y noreste de Brasil ante la pandemia de covid-19 “, presentada por los profesores Hilton Silva (UFPA), Edna Araújo (Uefs) y Leny Trad (ISC / UFBA), con mediación investigador Alder Mourão (UFPA).

Los investigadores destacaron el contexto de extrema pobreza en las comunidades, como las altas tasas de desempleo, la ausencia de condiciones mínimas de saneamiento y, principalmente, la dificultad de acceder a los servicios de salud. Según la profesora Edna Araújo, estos son viejos problemas que se agravan en un escenario de crisis de salud. “Esta pandemia se refiere a una enfermedad que es muy grave, que requiere UCI, y las ciudades más cercanas a estas comunidades de quilombolas generalmente tienen una estructura de servicio muy limitada”, evaluó.

El profesor Hilton Silva también advirtió sobre el número de casos de Covid-19 en quilombos en Pará y la falta de seguimiento necesario. “Ya hemos contado 12 muertes en áreas de quilombola en el estado y más de 160 sospechas que no cuentan con asistencia médica hasta la fecha”. También criticó la falta de acciones específicas para contener y controlar la pandemia entre las poblaciones de quilombolas en todo el país.

Para el profesor Leny Trad, la situación requiere políticas públicas que reconozcan las comunidades quilombo restantes y estén dispuestas a escuchar las demandas directas de estas poblaciones. “Necesitamos pensar en formas de enfrentar la vulnerabilidad tanto en el contexto de esta pandemia como más allá, en una perspectiva que no sea autoritaria, que tomaremos las respuestas y las soluciones”.

El tema de quilombola también estuvo presente en las mesas “SUS, el trabajo de los trabajadores sociales en las comunidades de salud y quilombola en el contexto de la pandemia / covid-19” y “Investigación interinstitucional en foco: comunidades de quilombola en riesgo”.

Población callejera

“Los estigmas son muy violentos y la indiferencia es lo que nos hace sufrir más”. El arrebato es de Renata Santos, coordinadora estatal del Movimiento de Población en Situación de Calle, y una de las invitadas a la mesa ” No somos invisibles: el derecho a la salud de la población sin hogar antes, durante y después de covid-19 “.

La sesión discutió experiencias de colectivos sociales, el desempeño de la universidad y la búsqueda de políticas públicas más inclusivas, con la participación de las profesoras Joilda Nery (ISC / UFBA), Cleber Cremonese (ISC / UFBA), la nutricionista Osiyalle Rodrigues y Tricia Calmon , coordinador del programa “Corra para o Abraço”, de la Secretaría de Justicia, Derechos Humanos y Desarrollo Social del Estado de Bahía (SJDHDS).

Una encuesta realizada por el Proyecto Axé, realizada en asociación con UFBA y otras instituciones, señala que el número de personas en la calle puede llegar a 17 mil en Salvador. Y es en este escenario de marginación y pandemia que se creó “Nós nas Ruas”, un proyecto que ya ha distribuido más de 2.500 kits de higiene y alimentos a las personas en las calles. La acción es desarrollada en la ciudad por maestros y estudiantes de ISC / UFBA, con el apoyo del Movimiento de Población en Situación de Calle, el programa “Run to the Hug” y la Universidad Estatal de Bahía (Uneb).

Además de las donaciones, se llevan a cabo pautas y actividades de capacitación en salud para los profesionales que trabajan en el cuidado de esta población. “Si bien el gobierno no llega, buscamos proporcionar condiciones mínimas para que estas personas puedan evitarse contra Covid-19 en un contexto completamente adverso, que es la escena de la calle”, destacó la profesora Joilda Nery, creadora de la campaña.

Juventud negra

Dar voz a los jóvenes negros y compartir experiencias sobre acciones desarrolladas en sus propias comunidades durante la pandemia. Este fue el propósito de la tabla grabada ” Juventud negra y covid-19: propuestas para acciones directas para combatir los efectos socio-raciales de la crisis “. La sesión fue presentada por miembros de Prosseguir, un programa de acción afirmativa coordinado por el Centro para el Estudio de las Relaciones y Desigualdades Laborales (CEERT) en asociación con UFBA.

“¿Cómo vamos a hablar sobre la distancia social en casas de dos o tres habitaciones donde viven hasta ocho personas? Viven en conglomerados, comparten los mismos baños, sin agua para lavarse las manos y sin dinero para alimentarse ”, dijo Thayana Victória Silva, estudiante de medicina en Uneb, durante la discusión.

Entre las iniciativas mostradas por el grupo, se encuentra la campaña dirigida por Tasciano Santos Solari, un estudiante de Geografía en el Instituto Federal de Bahía (IFBA), que distribuye kits de alimentos e higiene a los residentes de la región de Massaranduba, en Salvador. “La pandemia ayudó a abrir lo que el gobierno nunca ha hecho por la sociedad en relación con la salud pública, la educación y la alimentación”, dice. La acción también incluyó la entrega de máscaras de tela hechas por miembros de la comunidad misma.

Para Ariana Silva (UFBA), maestra en Estudios Interdisciplinarios sobre la Mujer (Neim / UFBA), las iniciativas parten de la comprensión de cómo el racismo profundiza las desigualdades sociales y el impacto que esto trae en la vida de las personas negras y pobres, especialmente en períodos de crisis, como la pandemia actual. “Estas son acciones que ayudan en lo básico, pero sin lo básico, no podemos dar un paso más grande”.

Otras discusiones sobre el tema de la población negra ganaron espacio en diversas actividades del Congreso UFBA 2020, como las tablas “ Barrios negros, racismo y pandemia de los covid-19 ”, “ Mujeres negras, racismo y salud ” y “ La letalidad del racismo: los negros y la pandemia de covid-19 “.[:]