[:pb]Pesquisadores de vários lugares do mundo participaram, no mês de abril, de um simpósio na Universidade de Cambridge, Inglaterra, sobre novas práticas clínicas e consequências sociais no tratamento do câncer. O evento também contou com a presença do professor Jorge Alberto Bernstein Iriart, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA).

O trabalho apresentado pelo professor, intitulado “Biomedical innovations, cancer care and health inequalities in Brazil” – Inovações biomédicas, atenção ao câncer e desigualdades em saúde no Brasil -, traz dados parciais de uma pesquisa de campo que está sendo realizada em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. O estudo tem a colaboração da professora Sahra Gibbon, antropóloga do departamento de antropologia da University College London (UCL),

“Através de observação participante e entrevistas com oncologistas e pacientes em centros oncológicos públicos, privados e beneficentes, estamos produzindo dados sobre a incorporação das novas tecnologias (terapias alvo, imunoterapia, painéis de genes, testes genéticos) e seu impacto na prática oncológica, no cuidado e itinerários terapêuticos de pacientes.”, explica o professor Jorge Iriart. Os dados apresentados por ele referem-se ao projeto “Genômica e medicina personalizada: análise crítica sobre a incorporação do saber e tecnologia genômica na biomedicina no Brasil”, financiado pelo CNPq, e coordenado pelo próprio professor.

O objetivo é discutir como as novas tecnologias de alto custo, a exemplo dos medicamentos alvo e as imunoterapias, estão sendo incorporadas na prática oncológica no Brasil. “Queremos saber como isso está contribuindo para o aumento das desigualdades em saúde (entre os pacientes que têm e os que não têm acesso às novas tecnologias) e colocando em xeque os princípios do SUS de igualdade e integralidade. Nossos resultados mostram a existência de protocolos de tratamento distintos para pacientes com as mesmas necessidades.”, observa o professor.

No simpósio, também foram discutidas as dificuldades vivenciadas na prática pelos oncologistas e as estratégias para lidar com as desigualdades no acesso às novas tecnologias e o fenômeno da judicialização da saúde.

“A apresentação foi muito bem recebida no Simpósio em Cambridge e suscitou muitas questões e comentários no debate que se seguiu. Para mim, foi uma ótima experiência de troca acadêmica pois possibilitou socializar com pesquisadores que realizam investigações similares em contextos sociais muito distintos. A realidade brasileira tem uma série de especificidades que diferem muito do contexto de outros países.”, conclui.

Mais informações sobre o simpósio podem ser consultadas através do link a seguir:

Symposium – Ethnographies of disease stratification: Understanding novel clinical practices and their social consequences in contemporary cancer care

 

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