Foto: Arquivo EBC

[:pb]No mês dedicado, mundialmente, à prevenção ao suicídio, os dados brasileiros reforçam o alerta: mais de 8,5 mil casos são registrados por ano no país. E essas mortes podem variar de acordo com os postos de trabalho ocupados. É o que aponta um novo estudo divulgado pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA). Segundo o levantamento, trabalhadores da agropecuária têm a maior mortalidade por suicídio no Brasil entre todas as categorias investigadas.

A pesquisa analisou dados de 2007 a 2015, quando foram registrados 77.373 suicídios no país. No primeiro ano, a mortalidade entre os agropecuaristas foi 16,6 por 100 mil habitantes. Em 2015, esse índice saltou para 20,5, o que equivale ao dobro da média para todos os trabalhadores em geral. Os pesquisadores analisaram registros do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

“Nossa intenção foi verificar se houve diferenças da mortalidade por suicídio entre grupos ocupacionais, sugestivas da participação de fatores laborais na sua determinação”, explica a professora Vilma Santana, coordenadora do Programa Integrado em Saúde Ambiental e do Trabalhador do ISC/UFBA, que liderou o estudo. Segundo ela, a associação entre trabalho na agropecuária e suicídio não é exclusiva do Brasil. “Em várias regiões do mundo, estudos confirmam essa relação”, observa.

Fatores como baixa renda, instabilidade no emprego, pressão por produtividade, o acesso limitado à educação e aos serviços de saúde de qualidade podem ser algumas das hipóteses para o maior risco de suicídios entre os trabalhadores da agropecuária. Ainda de acordo com os pesquisadores, vários estudos também sugerem que a exposição a substâncias químicas, presentes nos agrotóxicos, pode ser uma causa importante.

“Muitas dessas substâncias podem levar à depressão, ansiedade, dentre outros transtornos mentais, ou ainda doenças neurodegenerativas, que podem contribuir para o suicídio” destaca a pesquisadora Milena Cordeiro, coordenadora do estudo.

Outros grupos

Os trabalhadores da indústria registraram a segunda maior taxa de suicídio no país, a que mais cresceu no período. Em 2007, a taxa entre os industriários foi de 10,8 por 100 mil habitantes, passando para 14,2 em 2015. Isso equivale a um crescimento de 30% na mortalidade por suicídio.

Na avaliação para homens e mulheres, separadamente, as maiores estimativas continuam sendo para o sexo masculino em todos os anos do estudo, tanto entre os agropecuários como entre os industriários. “Quando analisamos por idade, verificamos que, na agropecuária, não houve predomínio dos homens em relação às mulheres que suicidaram. Mas, sim, na medida em que envelheceram, quando a mortalidade por suicídio ficou novamente maior entre os homens. Na indústria, o risco de suicídio foi sempre maior no sexo masculino, sem diferenças significativas relativas ao grupo ocupacional”, explica Vilma Santana.

Ainda de acordo com o levantamento, servidores de instituições militares, a exemplo das Forças Armadas, bombeiros e policiais, também apresentaram um risco de suicídio elevado. No entanto, o número absoluto de casos no período do estudo, menos de 100 entre os homens e de 30 em mulheres, limita as conclusões. Para os pesquisadores, são necessários estudos específicos mais adequados às características desses servidores.

“Alguns subgrupos ocupacionais também tiveram estimativas elevadas, como os vendedores e trabalhadores dos serviços de proteção e segurança, assim como empregadas domésticas, que também precisarão ser focalizados em pesquisas específicas”, avalia Milena Cordeiro.

Para a professora Vilma Santana, além de traçar um panorama sobre a mortalidade por suicídio no país, os achados do estudo também servem de alerta para a incorporação das ações de prevenção no ambiente de trabalho por meio de programas de promoção da saúde e qualidade de vida no âmbito das empresas e instituições. “A desestigmatização das doenças mentais e o fortalecimento de redes de apoio favorecem o acolhimento e propiciam o correto encaminhamento”, conclui.

Outras informações sobre a pesquisa estão disponíveis através do Boletim Epidemiológico do Centro Colaborador da Vigilância dos Agravos à Saúde do Trabalhador.[:en]In the month dedicated worldwide to suicide prevention, Brazilian data reinforce the alert: more than 8.5 thousand cases are registered per year in the country. And these deaths may vary according to the jobs occupied. This is what points out a new study published by the Institute of Collective Health of the Federal University of Bahia (ISC / UFBA). According to the survey, agricultural workers have the highest suicide mortality in the country among all categories investigated.

The survey analyzed data from 2007 to 2015, when 77,373 suicides were recorded in Brazil. In the first year, mortality among farmers was 16.6 per 100,000 inhabitants. In 2015, this index jumped to 20.5, which is double the average for all workers in general. The researchers analyzed records from the Mortality Information System (SIM) and the National Household Sample Survey (PNAD).

“Our intention was to verify if there were differences in suicide mortality among occupational groups, suggesting the participation of labor factors in their determination,” explains Professor Vilma Santana, coordinator of ISC / UFBA’s Integrated Environmental and Workers Health Program, who led the study. According to her, the association between agricultural work and suicide is not unique to Brazil. “In various regions of the world, studies confirm this relationship,” he notes.

Factors such as low income, job instability, productivity pressure, limited access to education and quality health services may be some of the hypotheses for the increased risk of suicide among farm workers. Still according to the researchers, several studies also suggest that exposure to chemicals present in pesticides may be a major cause.

“Many of these substances can lead to depression, anxiety, among other mental disorders, or neurodegenerative diseases, which can contribute to suicide,” says researcher Milena Cordeiro, coordinator of the study.

Other groups

Industry workers recorded the second highest suicide rate in the country, the fastest growing in the period. In 2007, the rate among industrialists was 10.8 per 100,000 inhabitants, rising to 14.2 in 2015. This is equivalent to a 30% increase in suicide mortality.

In the assessment for men and women separately, the highest estimates remain for males in all years of the study, both among farmers and industrialists. “When we analyzed by age, we found that, in agriculture, there was no predominance of men over women who committed suicide. But yes, as they got older, when mortality from suicide got higher again among men. In industry, the risk of suicide was always higher in males, without significant differences regarding the occupational group, ”explains Vilma Santana.

Also according to the survey, servants of military institutions, such as the Armed Forces, firefighters and police, also had a high risk of suicide. However, the absolute number of cases in the study period, less than 100 among men and 30 among women, limits the conclusions. For researchers, specific studies that are more appropriate to the characteristics of these servers are needed.

“Some occupational subgroups also had high estimates, such as sales and security and security service workers, as well as maids, who will also need to focus on specific research,” says Milena Cordeiro.

For Professor Vilma Santana, in addition to outlining suicide mortality in the country, the findings of the study also serve as a warning for the incorporation of prevention actions in the workplace through health promotion and quality of life programs. within companies and institutions. “The destigmatization of mental illnesses and the strengthening of support networks favor the reception and provide the correct referral”, he concludes.[:es]En el mes dedicado mundialmente a la prevención del suicidio, los datos brasileños refuerzan la alerta: se registran más de 8,5 mil casos por año en el país. Y estas muertes pueden variar según los trabajos ocupados. Esto es lo que señala un nuevo estudio publicado por el Instituto de Salud Colectiva de la Universidad Federal de Bahía (ISC / UFBA). Según la encuesta, los trabajadores agrícolas tienen la mayor mortalidad por suicidio en el país entre todas las categorías investigadas.

La encuesta analizó datos de 2007 a 2015, cuando se registraron 77.373 suicidios en Brasil. En el primer año, la mortalidad entre los agricultores fue de 16.6 por 100,000 habitantes. En 2015, este índice saltó a 20.5, que es el doble del promedio para todos los trabajadores en general. Los investigadores analizaron registros del Sistema de Información de Mortalidad (SIM) y la Encuesta Nacional de Muestra de Hogares (PNAD).

“Nuestra intención era verificar si había diferencias en la mortalidad por suicidio entre los grupos ocupacionales, lo que sugiere la participación de factores laborales en su determinación”, explica la profesora Vilma Santana, coordinadora del Programa Integrado de Salud Ambiental y de los Trabajadores de ISC / UFBA, quien dirigió el estudio. Según ella, la asociación entre el trabajo agrícola y el suicidio no es exclusiva de Brasil. “En varias regiones del mundo, los estudios confirman esta relación”, señala.

Factores como los bajos ingresos, la inestabilidad laboral, la presión de la productividad, el acceso limitado a la educación y los servicios de salud de calidad pueden ser algunas de las hipótesis del mayor riesgo de suicidio entre los trabajadores agrícolas. Según los investigadores, varios estudios también sugieren que la exposición a los químicos presentes en los pesticidas puede ser una causa importante.

“Muchas de estas sustancias pueden provocar depresión, ansiedad, entre otros trastornos mentales o enfermedades neurodegenerativas, que pueden contribuir al suicidio”, dice la investigadora Milena Cordeiro, coordinadora del estudio.

Otros grupos

Los trabajadores de la industria registraron la segunda tasa de suicidios más alta del país, la de mayor crecimiento en el período. En 2007, la tasa entre los industriales fue de 10.8 por 100,000 habitantes, aumentando a 14.2 en 2015. Esto equivale a un aumento del 30% en la mortalidad por suicidio.

En la evaluación para hombres y mujeres por separado, las estimaciones más altas permanecen para los hombres en todos los años del estudio, tanto entre los agricultores como entre los industriales. “Cuando analizamos por edad, encontramos que, en la agricultura, no había predominio de hombres sobre mujeres que se suicidaron. Pero sí, a medida que envejecían, cuando la mortalidad por suicidio volvió a aumentar entre los hombres. En la industria, el riesgo de suicidio siempre fue mayor en los hombres, sin diferencias significativas con respecto al grupo ocupacional ”, explica Vilma Santana.

Según la encuesta, los servidores de las instituciones militares, como las Fuerzas Armadas, los bomberos y la policía, también tenían un alto riesgo de suicidio. Sin embargo, el número absoluto de casos en el período de estudio, menos de 100 entre hombres y 30 entre mujeres, limita las conclusiones. Para los investigadores, se necesitan estudios específicos que sean más apropiados para las características de estos servidores.

“Algunos subgrupos ocupacionales también tenían estimaciones altas, como las ventas y la seguridad y los trabajadores de servicios de seguridad, así como las camareras, que también necesitarán centrarse en investigaciones específicas”, dice Milena Cordeiro.

Para la profesora Vilma Santana, además de proporcionar una visión general de la mortalidad por suicidio en el país, los hallazgos del estudio también sirven como una advertencia para la incorporación de acciones de prevención en el lugar de trabajo a través de programas de promoción de la salud y calidad de vida. dentro de empresas e instituciones. “La destigmatización de las enfermedades mentales y el fortalecimiento de las redes de apoyo favorecen la recepción y brindan la derivación correcta”, concluye.[:]