De Release 07/2019 - Jovens moradores participam na coleta de informações para o estudo / Foto: divulgação

[:pb]Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), 70 casos de leptospirose, doença infecciosa transmitida ao homem pela urina de roedores, foram confirmados na Bahia em 2018. Destes, 60% foram registrados somente em Salvador (42 casos). Um estudo do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia pode ajudar a entender o risco para doença em bairros populares da cidade. Os resultados preliminares foram divulgados na última sexta-feira (29) no auditório do ISC/UFBA.

A primeira fase do levantamento, que começou em 2017, foi apresentada pela professora Yeimi Alexandra Alzate Lopez (ISC/UFBA) e Hussein Khalil, pós-doutorando do Instituto, sob coordenação do professor Federico Costa (ISC/UFBA). Os bairros escolhidos para o estudo foram Marechal Rondon, Alto do Cabrito, Rio Sena e Nova Constituinte, todos localizados no subúrbio ferroviário de Salvador. Os pesquisadores querem saber o nível de exposição dessas comunidades e como os moradores enxergam a própria vulnerabilidade.

Da esquerda para direita: prof. Federico Costa (ISC/UFBA); Alexandre Mota – morador; profa. Yeimi Alexandra Alzate Lopez (ISC/UFBA) e Hussein Khalil – pesquisador

Os primeiros dados coletados apontam, por exemplo, que as famílias com renda mais baixa estão mais expostas à infecção.  O número de casos, confirmados através de testes sorológicos, foi 63% menor nos domicílios que receberam, ao menos, um salário mínimo em relação àqueles sem renda.

A pesquisa também quis saber o nível de conhecimento das comunidades em relação à transmissão da doença. “É muito importante basear o nosso projeto no conhecimento local. Entre os moradores pesquisados, 84% apontaram o esgoto a céu aberto como principal determinante de risco objetivo”, afirma o pesquisador Hussein Khalil.

Ao mesmo tempo, apenas 27 % consideraram que ações do Estado, como coleta de lixo e atuação do Centro de Controle de Zoonoses, são importantes para o controle da doença. Para os demais, 73%, são as ações individuais ou comunitárias que ajudam a reduzir esse risco. “É tanta negligência nessas comunidades que as pessoas naturalizam aquele efeito e acham que é culpa delas, inclusive, acabam se acomodando àquela situação”, destaca a professora Yeimi Alexandra Alzate Lopez.

JOVENS INOVADORES

Diversos jovens moradores dos bairros ajudaram na realização do estudo, seja através do registro de fotografias ou na coleta de informações nos locais. Agora, eles fazem parte do projeto “Jovens Inovadores” e recebem uma formação nas áreas de cidadania, informática, mapeamento, além de treinamento em saúde e ambiente. O objetivo é torná-los multiplicadores em seus próprios bairros.

“Eu quero muito levar isso para minha comunidade. A falta de conhecimento é o nosso maior inimigo lá”, observa Alexandre Mota, morador do bairro do Alto do Cabrito e participante do projeto.

A capacitação é realizada no Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e também nas comunidades. O “Jovens Inovadores” recebe o apoio da Escola Politécnica e o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC) da UFBA nas ações de extensão, com a coparticipação da Fiocruz/BA e Universidade de Liverpool.

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