Pesquisa e Cooperação Técnica em Comunidade, Família e Saúde (FA-SA)

 

Objetivos:

  • Desenvolver o conhecimento científico acerca das concepções (saberes), práticas e condições em torno do complexo saúde-doença-cuidado vinculados aos diferentes sujeitos (gestores, usuários, profissionais de saúde) e contextos (família, serviços, comunidade) da saúde, desde uma perspectiva interdisciplinar com ênfase no referencial das Ciências Sociais e Humanas em Saúde.
  • Contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de políticas e programas de caráter transetoriais com enfoque na família/ comunidade/ grupos vulneráveis, identificando estratégias mais sensíveis às características/necessidades de saúde associadas a marcadores de classe social, étnico-racial, geracional e de gênero.
  • Integrar Redes transdisciplinares de Pesquisa, Ensino e Cooperação técnica de âmbito nacional e internacional favorecendo o intercâmbio de conhecimentos, o compartilhamento de recursos e tecnologias associadas às linhas de pesquisa que integram o Programa.

 

História do programa

Criado a partir de aspirações da Profa Dra Leny Trad, juntamente com Ana Cecília Bastos, do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas-UFBA, acerca da identificação da convergência de interesses temáticos e de abordagens, foi construída a então linha de pesquisa centrada no binômio “Família e Saúde”, vinculada ao Programa Integrado Modos de Vida, Qualidade de Vida e Saúde do ISC e coordenado pelo professor Naomar de Almeida Filho.

Na delimitação do escopo do grupo, foram identificados dois núcleos centrais e inter-relacionados para orientar as pesquisas futuras. O primeiro partia do pressuposto de que a família constitui um contexto de desenvolvimento humano e locus privilegiado para observação e análise de processos de reprodução social. O segundo compreendia a análise de políticas públicas, serviços e tecnologias dirigidas à família, as quais, embora priorizassem o âmbito da saúde, não se restringia a ele, contemplando, oportunamente, outros setores na esfera da proteção social. Paulatinamente, além da família, o contexto comunitário foi ocupando lugar de destaque entre as nossas unidades de análise.

O primeiro empreendimento de pesquisa do FASA teve como foco uma exploração preliminar em um dos municípios da Bahia, Jussari, onde foi implantado o Programa de Saúde da Família. Em parceria com professores de outras instituições de ensino superior e estudantes de graduação, na mesma temporada desenvolveu-se um estudo exploratório no município de Lauro Freitas abordando práticas de cuidado na família.

Mas, foi em 1999, com a aprovação do projeto “A construção social do Programa de Saúde da Família (PSF): condições, sujeitos e contextos” em edital universal do CNPq, que o grupo coordenou um projeto relativamente complexo de pesquisa. O projeto contou com um financiamento substancial para a época e, além dos recursos de custeio e capital, concedeu um total de nove bolsas: duas para recém-doutor e/ou desenvolvimento tecnológico, cinco de iniciação científica e duas bolsas de apoio técnico.

No início dos anos 2000, com a saída de Naomar para assumir o reitorado, houve um esvaziamento do programa, à medida que, parte das linhas que o constituíam, foram se conformando como programas integrados do ISC (Gênero e Saúde/MUSA, Saúde do Trabalhador/PISAT). No caso do FASA, já era possível afirmar que se tinha as condições básicas para dar um passo em direção à construção de um programa, tal como concebido na matriz organizacional do ISC. O grupo havia crescido, os projetos ganharam sustentabilidade graças ao êxito contínuo em editais de pesquisa ou convênios de cooperação técnica, as atividades articulavam pesquisa, ensino e cooperação técnica, envolvendo docentes, pesquisadores e alunos de pós-graduação e graduação do ISC, e, finalmente, dispunha-se de um apoio administrativo eficiente: uma secretária, que se vinculou ao FASA em 1998.

Passou-se, então, a funcionar em torno de três linhas centrais de pesquisa, as quais refletiam o perfil da nossa atuação até ali, aliado a interesses emergentes: 1) Avaliação de Políticas e Programas de Saúde – ênfase na Família; 2) Modos de vida, Saberes e Práticas em Saúde (nos contextos familiares, comunitários e na interface família-arenas de cuidado); 3) Contextos e trajetórias de desenvolvimento (CONTRADES).

A partir de 2005, o locus de pesquisa ou nosso campo foi se deslocando do âmbito dos serviços (gestão, processos de trabalho, etc.), para o contexto da comunidade, do território e do cotidiano familiar. Invertia-se, portanto, o percurso analítico partindo de experiências e percepções de famílias e/ou atores comunitários em direção aos serviços. Embora, as pesquisas realizadas até então tivessem também preservado a escuta à família ou, em termos mais genéricos, aos usuários dos serviços de saúde e/ou beneficiários de políticas públicas, ela se dava basicamente através de entrevistas e grupos focais. Se de um lado, não era pretendido abandonar a investigação sobre políticas e serviços de serviços de saúde. Por outro lado, interessava privilegiar aspectos e abordagens pouco valorizados no campo da avaliação em saúde.

Destaco um segundo projeto estruturante para o FASA: “Itinerários terapêuticos de famílias afrobaianas em um bairro popular de Salvador: o papel das redes sociais e da experiência religiosa” (Decit/CNPq, 2007-2009), submetido em julho de 2006 (desde Lyon). O projeto constituía, em parte, um desdobramento do projeto anterior já referido, mas, também representava a reaproximação com temas relativos à etnicidade. Tal reaproximação foi claramente influenciada pelas experiências e intercâmbios acadêmicos vivenciados durante a permanência de Leny na França, onde o debate sobre raça ou a recusa em adotar esta categoria era alvo de debates acalorados.

O projeto Itinerários teve repercussões significativas para o programa. Primeiro, ele oportunizou a ampliação do nosso quadro e incrementou seu caráter interdisciplinar. Somava-se ao grupo Clarice Mota, antropóloga que havia feito mestrado no ISC e doutorado em Sociologia da Saúde (FFCH/UFBA), ambos explorando relações entre religião e saúde, favorecendo, portanto, suas contribuições sobre esta temática ao longo da pesquisa. Outra repercussão da pesquisa em foco, talvez a mais importante do ponto de vista de definições estratégicas para o nosso programa integrado, residiu no fato dela ter apontado, através das questões e objetivos contemplados, bem como, de alguns dos seus resultados, os vértices para uma agenda de pesquisa que foi guiando os investimentos subsequentes do FASA.

Além de fortalecer as linhas centradas em modos de vida da família e seus itinerários terapêuticos, situando a partir destes, sua relação com as redes de atenção, tal agenda indicava dois focos importantes de pesquisa: 1) a temática étnico-racial em saúde, incluindo temas relacionados com equidade racial, políticas afirmativas na saúde, racismo institucional etc.; 2) o fenômeno da cronicidade e suas implicações ou repercussões para os sujeitos afetados por esta condição, suas famílias e para o sistema e serviços de saúde.

Acessibilidade na rede básica de saúde desde a perspectiva da população negra no Distrito Sanitário Liberdade (DSL): ênfase em Doença Falciforme (DF) e Diabetes Melittus II (DMII)”, implantado em 2009,  é considerado o terceiro projeto estruturante para o FASA. Trata-se de um projeto que permaneceu ativo até julho de 2015 e que integrou o Programa Integração SUS Liberdade. Seu escopo congregou ações de pesquisa, extensão e ensino (campo de práticas), privilegiando as seguintes temáticas: equidade racial, acessibilidade, integralidade do cuidado e itinerários terapêuticos.

Para a sua condução no FASA, foi constituída uma coordenação colegiada, na qual Clarice Mota e Marcelo Castellanos (sociólogo), ambos efetivados no ISC em 2008, assumiram, respectivamente, a coordenação dos componentes “Doença Falciforme” e “Diabetes Melittus”. Completava a equipe de condução, Virginia Farias, na condição de supervisora de campo. Coube a Leny Trad, em princípio, a condução geral do projeto, integrando o “Conselho Gestor” do projeto.

Com a colaboração dos envolvidos, há no FASA um processo de trabalho no programa no qual pesquisa e extensão encontram-se bastante imbricados. Uma característica que tem contribuído para tornar mais efetiva a difusão dos conhecimentos e/ou tecnologias produzidas, além de fomentar a colaboração solidária entre pesquisadores, agentes públicos governamentais e não governamentais, lideranças comunitárias etc. De fato, o compromisso com a democratização do conhecimento, que inclui a devolução sistemática dos resultados de pesquisa e a construção de parcerias pautadas em relações dialógicas e de reconhecimento do valor dos distintos saberes e experiências que compõem a vida em sociedade, são sem dúvida, valores que constituem os pilares do FASA.

 

Coordenadora: Leny Alves Bomfim Trad
Vice coordenadora – Clarice Santos Mota
Coord. Extensão  – Ana Angélica R.de M. e Rocha
Yeimi Alexandra Alzate López

Rua Basílio da Gama, s/n – 1º andar – 40110-040 – Salvador – Bahia
Tel. (71) 3283-7373

Secretária – Rosália Santos Sá