Foto: Heder Novaes/Abrasco

Com informações de Hara Flaeschen/Abrasco

“É urgente o debate sobre a mercantilização e privatização da educação, assim como a desresponsabilização do Estado frente às políticas sociais. Os efeitos produzidos pelas transformações no mundo do trabalho e o crescimento desordenado dos cursos de graduação têm sérias repercussões no trabalho em saúde”, afirmou Janete Castro, Coordenadora do GT Trabalho e Educação da Abrasco na abertura do 3º Simpósio Internacional Trabalho e Educação na Saúde, na tarde de 19 de novembro, dentro da programação do 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Abrascão 2022.

A mesa de abertura reuniu dezenas de pessoas na sala Nilcéa Freire, no Centro de Convenções de Salvador. Além de Janete, participaram Isabela Cardoso , também integrante do GT e presidente Abrascão 2022; Rosana Onocko , presidente da Abrasco; Janaína Peralta, representando a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia; Melissa Reis, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador; e Haroldo Pontes, coordenador da Câmara Técnica de Trabalho e Educação do CONASS.

Refletindo sobre a realidade dos trabalhadores na saúde, Rosana Onocko lembrou que, quando as pessoas mais precisavam acessar seus direitos, sofreram cortes nos direitos trabalhistas, “um gesto de crueldade” – referindo-se à gestão do governo federal durante a pandemia de Covid-19. A psicanalista aponta como caminho para melhorar as condições de vida e saúde dos trabalhadores apostar na ternura, como categoria metafórica, “para modificar a crueldade”.

Nesta linha, Isabela Cardoso pontuou que agora é hora de pensar o país – o SUS, a Saúde Coletiva, a população brasileira e também sobre as pessoas que cuidam: “Vimos o impacto dessa pandemia – com dados, evidências. Temos a responsabilidade de continuar refletindo. Todo o simpósio foi planejado para que as pessoas também discutam sobre como tudo começa na educação. As mudanças são necessárias e as transformações urgentes”.

Naomar de Almeida Filho (UFBA) foi o palestrante convidado. Ele abordou as tendências atuais na educação em saúde, explorando conceitos como intertransdisciplinaridade, interprofissionalidade, qualidade-equidade e transversalidade: “Transdisciplinaridade como pesquisa abordagem ou metodologia que permite acesso a objetos complexos, como ação de superação, passagem ou trânsito entre diferentes campos disciplinares e como formação nos processos de ensino-aprendizagem que atravessam campos disciplinares distintos”.

O pesquisador também dialogou sobre ultraneoliberalismo –  que seria a junção, contraditória, do fundamentalismo ideológico (irracional) e do capitalismo radical (enquanto racionalidade produtiva). “Num contexto marcado por desigualdade extrema, trabalho intermitente, precarização, uberização, terceirização, como fica o direito à saúde? Pensando numa situação de conflito, disputa, contradição no capital dentro do trabalho”, ponderou.

O evento acontece ainda durante todo o dia 20, e é promovido pelo GT Trabalho e Educação na Saúde da Abrasco, em parceria com o Mestrado Profissional em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde da UFRN, Observatório de Análise Políticas e Saúde do ISC/UFBA e com o Observatório de Recursos Humanos em Saúde da UFRN.

Confira mais fotos da atividade no Flickr da Abrasco.